A capoeira
A
história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia
de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil,
principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste
brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia
portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.
Ao
chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas
de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram
constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho.
Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham
uma maneira de captura muito violenta.
Os
senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta.
Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas,
adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial
disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e
física dos escravos.
A
prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que
serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à
manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde
física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos,
chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome
desta luta.
Mestre Pastinha (1889-1981) |
Até
o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista
como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para
prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante
capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente
Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em
esporte nacional brasileiro.
A
capoeira possui três principais estilos que se diferenciam nos movimentos e no
ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da
escravidão, é a capoeira Angola difundida pelo Mestre Pastinha. As principais características deste estilo
são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita
mandinga (malícia). O estilo Regional caracteriza-se pela mistura da mandinga
da capoeira Angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os
golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro
tipo de capoeira é o Contemporâneo, este
sim utiliza as acrobacias, e une um pouco dos dois primeiros estilos. Este
último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.
O Maculelê
Paulino Almeida de Andrade (1876-1969), o Mestre Popó. |
O
Maculelê é uma manifestação cultural oriunda cidade de Santo Amaro da Purificação – Bahia, berço também da Capoeira. É uma
expressão teatral que conta através da dança e de cânticos, a lenda de um jovem
guerreiro, que sozinho conseguiu defender sua tribo de outra tribo rival usando
apenas dois pedaços de pau, tornando-se o herói da tribo.
Sua
origem é desconhecida. Uns dizem que é africana, outros afirmam que ela tenha
vindo dos índios brasileiros e há até quem diga que é uma mistura dos dois. O
próprio Mestre Popó do Maculelê,
considerado o pai do Maculelê, deixa claro a sua opinião de que o Maculelê é
uma invenção dos escravos no Brasil, assim como a capoeira.
Mesmo
havendo muitas versões de lendas sobre a origem do Maculelê, todas sustentam essa
versão de um guerreiro sozinho, enfrentando a invasão inimiga com apenas dois bastões.
Samba de Roda
Acompanhado
por atabaques, ganzá, reco-reco, viola e violão, o solista entoa cantigas,
seguido em coro pelo grupo a dançar. Ligado ao culto de orixás e caboclos, à
capoeira e às comidas à base de dendê, o samba de roda teve início por volta de
1860, como forma de preservação da cultura dos negros africanos escravizados no
Brasil. A influência portuguesa, além da língua falada e cantada, fica por
conta da introdução da viola e do pandeiro.
Tradição
milenar no Recôncavo Baiano, a
manifestação concorre, inclusive, ao título de Obra-Prima do Patrimônio Oral e
Imaterial da Humanidade. Presente no trabalho de renomados compositores baianos
– Dorival Caymmi, João Gilberto, Caetano Veloso -, esse misto de música, dança,
poesia e festa revelam-se de duas formas características: o samba chula e o samba corrido. A chula, uma forma de poesia, é
declamada pelo solista, enquanto o grupo escuta, só se rendendo aos encantos da
dança após o término do pronunciamento, quando um participante por vez adentra
o meio da roda ao som da batucada regida por palmas. Já no corrido, o samba
toma conta da roda ao mesmo tempo em que dois solistas e o coral se alternam no
canto.
Atualmente, não só
a Capoeira, mas o Maculelê e outras danças folclóricas regionais são apresentados
enfocando seus mais variados aspectos; a saber: ritmo, identidade étnica e racial,
arte, luta, defesa pessoal, desporto, lazer, educação, folclore, preparação
física, filosofia de vida, entre outros.
Nota-se, que nas últimas
décadas é crescente aceitação ocorrida no que tange ao diálogo da cultura
popular com a educação formal e informal. Assim sendo, alguns elementos vistos
como manifestação cultural, são muito usados e difundidos em nossas escolas e
em diversos projetos sociais e educativos por todo país, o que tem favorecido
sua valorização como forma desportiva, cultural e educativa.
Referências
Bibliográficas:
ALMEIDA,
Plínio de. Pequena História do Maculêle.
CAMPOS, Hélio
José B. Carneiro. Capoeira na escola. Salvador: Presscolor, 1990.
IPHAN. Samba
de Roda do Recôncavo Baiano. Dossiê IPHAN 4: Ministério da Cultura, 2007.
MUTTI, Maria.
Maculelê. Bahia: Secretaria Municipal de Educação e Cultura Salvador, 1978.
REIS, L. V.
S. (2000) O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo:
Publisher Brasil.
SODRÉ, Muniz.
Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário