Primeiros Socorros
Afogamento
Conceito:
Afogamento
é definido como resultado de asfixia por imersão ou submersão em qualquer meio
líquido, provocado pela entrada de água em vias aéreas, dificultando
parcialmente ou por completo a ventilação ou a troca de oxigênio com o ar
atmosférico. Szpilman (1994).
CAUSAS DE AFOGAMENTO
a) Afogamento primário – É o
tipo mais comum, não apresentando em seu mecanismo nenhum fator desencadeante
do acidente.
b) Afogamento secundário – É
denominado hoje em dia como causado por patologia associada que precipita o
afogamento, já que possibilita a aspiração de água pela dificuldade da vítima
em manter-se na superfície da água. Ocorre em 13% dos casos de afogamento,
como, por exemplo: uso de drogas (36,2%) (quase sempre por álcool), crise
convulsiva (18,1%), traumas (16,3%), doenças cardiopulmonares (14,1%), mergulho
livre ou autônomo (3,7%), e outros (homicídio, suicídio, lipotimias, cãimbras,
hidrocussão) (11,6%). O uso do álcool é considerado como o fator mais
importante na causa de afogamento secundário8. Szpilman (1994).
CLASSIFICAÇÃO
Segundo HAFEN (2002), o
afogamento pode ser classificado também em:
·
Afogamento molhado: condição na qual a água penetra
nos pulmões.
·
Afogamento seco: condição na qual há pouca ou
nenhuma penetração de água nos pulmões.
·
Afogamento secundário: morte causada por pneumonia
por aspiração, posterior à reanimação após o acidente aquático.
O QUE DEVE
FAZER
Objetivo
Promover
menor número de complicações provendo-se o cérebro e o coração de oxigênio até
que a vítima tenha condições para fazê-lo sem ajuda externa, ou até esta ser
entregue a serviço médico especializado.
O socorrista
Deve
promover o resgate imediato e apropriado, nunca gerando situação em que ambos
(vítima e socorrista ) possam se afogar, sabendo que a prioridade no resgate
não é retirar a pessoa da água, mas fornecer-lhe um meio de apoio que poderá
ser qualquer material que flutue, ou ainda, o seu transporte até um local em
que esta possa ficar em pé. O socorrista deve saber reconhecer uma apnéia, uma
parada cárdio-respiratória (PCR) e saber prestar reanimação cárdio-pulmonar
(RCP).
O resgate
O
resgate deve ser feito por fases consecutivas: Compreendendo a Fase de
observação, de entrada na água, de abordagem da vítima, de reboque da vítima, e
o atendimento da mesma.
Fase de observação
Implica
na observação do acidente, o socorrista deve verificar a profundidade do local,
o número de vítimas envolvidas, o material disponível para o resgate.
O
socorrista deve tentar o socorro sem a sua entrada na água, estendendo qualquer
material a sua disposição que tenha a propriedade de boiar na água, não se deve
atirar nada que possa vir a ferir a vítima.
Em
casos de dispor de um barco para o resgate, sendo este com estabilidade
duvidosa a vítima não deve ser colocada dentro do mesmo, pois estará muito
agitada.
Fase de entrada na água
O
socorrista deve certificar-se que a vítima está visualizando-o. Ao ocorrer em
uma piscina a entrada deve ser diagonal à vítima e deve ser feita da parte rasa
para a parte funda. Sendo no mar ou rio a entrada deve ser diagonal à vítima e
também diagonal à corrente ou à correnteza respectivamente.
Fase de Abordagem
Esta
fase ocorre em duas etapas distintas:
Abordagem verbal; Ocorre a uma distância
média de 03 metros da vítima. O socorrista vai identificar-se e tentar acalmar
a vítima. Caso consiga, dar-lhe-á instruções para que se posicione de costas
habilitando uma aproximação sem riscos.
Abordagem física; O socorrista deve
fornecer algo em que a vítima possa se apoiar, só então o socorrista se
aproximará fisicamente e segurará a vítima fazendo do seguinte modo: O braço de
dominância do socorrista deve ficar livre para ajudar no nado , já o outro
braço será utilizado para segurar a vítima , sendo passado abaixo da axila da
vítima e apoiando o peito da mesma, essa mão será usada para segurar o queixo
do afogado de forma que este fique fora da água.
Em crianças:
Convém lembrar que uma criança
pequena se pode afogar em poucos centímetros de água, num tanque, balde ou alguidar
quase vazio, ou até mesmo na banheira, durante o banho.
O QUE DEVE FAZER
• Retirar
imediatamente a vítima de dentro de água.
• Verificar
se está consciente, se respira e se o coração bate.
• Colocar
a vítima de barriga para baixo e com a cabeça virada
para um dos lados.
• Comprimir
a caixa torácica 3 a 4 vezes,
para fazer sair a água.
Se a vítima não respira, deitá-la
de costas e iniciar de imediato os procedimentos do algoritmo
do Suporte Básico de
Vida.
O
SBV consiste num conjunto de procedimentos realizados sem recurso a equipamento
específico, e que tem como objectivo a manutenção da vida e o ganho de tempo, até
à chegada de ajuda especializada.
O
SBV inclui:
•
Avaliação inicial (verificar condições de segurança e se a vítima responde).
•
Permeabilização das vias respiratórias.
•
Ventilação com ar expirado (respiração boca a boca).
•
Compressão do tórax (compressão cardíaca externa).
O que deve fazer
Perante
uma vítima inerte, aparentemente inconsciente, deve verificar:
•
Se está inconsciente (verificar se responde).
•
Se respira (ver os movimentos respiratórios, ouvir os sons respiratórios junto
à boca da vítima e sentir o ar na face, durante dez segundos).
•
Se tem sinais de circulação (verificar se existe movimento e verificar o pulso
na artéria carótida, localizada no pescoço).
Estes
procedimentos podem salvar a vida, sobretudo quando a causa de paragem cardiorrespiratória
está essencialmente relacionada com a obstrução da via respiratória.
Logo
que a vítima respire normalmente, colocá-la em Posição Lateral de Segurança e
mantê-la confortavelmente aquecida. Em qualquer situação, transportar a vítima
ao Hospital, ativando o Serviço de Emergência Médica.
A
decisão de iniciar o Suporte Básico de Vida (SBV) é tomada quando a vítima não
responde e não respira normalmente.
• Os
reanimadores devem colocar a mão no centro do tórax.
• A
relação compressões-ventilações no jovem/adulto é de trinta compressões para
duas insuflações (30:2).
• A
reanimação começa por 30 compressões torácicas, a iniciar imediatamente a
seguir à confirmação de paragem cardiorrespiratória, e não pelas cinco
ventilações iniciais.
Fonte: Reis (1999)
Atenção:
Em
qualquer situação, mesmo de aparente recuperação total, a vítima deve ser
enviada ao Hospital.
Referencias:
BRASIL, Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. FIOCRUZ. Manual de
Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2003.
HAFEN, Q.B.; Karen, K.J.; Frandsen, K.J. Guia de Primeiros Socorros
para Estudante. [Controle de qualidade da tradução eletrônica pela Editora
Manole: Dr. Marcos Ikeda; Revisão da última prova: Equipe editorial – Editora
Manole]. Barureri – São Paulo: Editora Manole,
2002.
REIS, Isabel. Manual de primeiros socorros: situações de urgência nas
escolas, jardins de infância e campos de férias. Lisboa: Programa de Promoção e Educação para
a Saúde/M.E., 1999. ISBN 972-8367-08-2.
SZPILMAN D, Amoedo AR. Atualização da classificação de afogamento: avaliação
de 2.304 casos em 20 anos. JBM 1994; 66:21-37.
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