Infos: Thiago Lima; Profissional em Educação Física; Técnico da seleção Pernambucana Feminina de
Basquete Sobre Rodas; Técnico do Colégio Americano Batista; Assistente Técnico
da Adefepe-PE; Personal Trainer e Professor de Musculação da Academia Cia de
Atletas.
Contato: thl.personal@bol.com.br
A Psicologia do Esporte é uma área emergente da Psicologia. Apesar de
ser uma área bastante abrangente e com grande potencialidade do campo, é
uma área atualmente carênte de profissionais especializados, talvez
muito mais por falta de conhecimento, de divulgação, do que por falta de
interesse dos estudantes e profissionais de psicologia. Nesse cenário, a
Psicologia do Esporte acaba sendo mais "dominada" por profissionais da
área do Esporte, principalmente profissionais de Ed. Física, do que
realmente por psicólogos. O que é uma pena, pois, com a Copa do Mundo de
Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016, os atletas precisam, mais
do que nunca, de mais preparo e apoio, em termos de demanda
psicológica.
Estado Atual da Psicologia do Esporte
Pode-se constatar uma evolução da Psicologia do Esporte a partir do
momento em que passamos da fase de predominação dos estudos de laboratório,
sobre a aprendizagem motora e estudos descritivos sobre a personalidade do
atleta, por exemplo, até a fase de aplicações práticas, onde é muito importante
a preparação psicológica dos atletas para melhorar o rendimento nas
competições.
Os três
primeiros Congressos Mundiais de Psicologia do Esporte aconteceram na Roma, nos
EUA e em Madri. No primeiro, em 1965, ainda se via uma grande dispersão
conceitual e metodológica, que realçava muito mais a importância social do que
científica. No segundo, 4 anos mais tarde, nos EUA, as dimensões sociais do
esporte foram abordadas por profissionais de várias áreas, como médicos e
psicólogos. Já no terceiro, que aconteceu em Madri, em 1973, verificou-se o
aparecimento de um grande número de profissionais da Ed. Física interessados no
tema. E apartir de 1987, além da ênfase no esporte, iniciou-se também a
preocupação com a
Psicologia do Exercício, voltada a saúde.
Atualmente,
quando se observa os trabalhos do Congresso Europeu de Psicologia do Esporte,
que aconteceu na Grécia, em 2007, nota-se temáticas de imagem motora,
motivação, ansiedade, estresse, e outros, em evidência das demais temáticas:
A Realidade Brasileira
Os
congressos Brasileiros de Psicologia do Esporte que aconteceram em Curitiba, em
2004, e em São Paulo, em 2006, o que se destaca é que os trabalhos de
intervenção psicológica diminuíram de 2004, de 20%, para 6,25% em 2006. Com
isso, a tabela demonstra que estudos descritivos é que predominaram nos
congressos. Tendo destaque os estudos de motivação, autoestima, coesão,
liderança, ansiedade e estresse.
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Com esses dados, podemos concluir que a Psicologia do Esporte no Brasil
sofre influência das investigações internacionais, com temáticas semelhantes,
de motivação, estresse e ansiedade. Nota-se também a prevalência de trabalhos
de autoria e/ou coautoria de profissionais da Ed. Física.
Isso trás
consequências importantíssimas, como por exemplo, professores de educação
física e treinadores esportivos estudam algumas disciplinas de psicologia que
estão muito longe do que realmente necessitariam, porque,
se nós não temos os psicólogos preparados para essa
especialidade, como é que teremos os bons professores da disciplina? Então, com
isso, qualquer um começa a falar o que acredita e ensinar o que entende de
Psicologia do Esporte e da Educação Física.
Os dados apresentados nessa segunda tabela confirmam essa
carência de
profissionais da Psicologia que trabalhem especificamente com o esporte. Vimos
que em 2004, a temática de intervenção foi a que apresentou maior número de
trabalhos no Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte, mas muitos desses
trabalhos não foram realizados por profissionais que atuam efetivamente com intervenção
psicológica e formação em Psicologia. É esperado que, talvez, com a copa e
as olimpíadas, que são eventos que causam grande ansiedade, e que com derrotas,
causam grande índice de depressão também, comece a haver um interesse ou pelo
menos uma divulgação maior da área, para preencher essa carência atual de
profissionais especializados.
O Papel do Psicólogo do Esporte
A AAASP (Association for the Advancement of Applied Sport Psychology) estabeleceu como Princípios Gerais e Diretrizes Éticas para os profissionais que atuam com a Psicologia do Esporte:
competência, integridade, responsabilidade pessoal e científica,
respeito pelos direitos e pela dignidade das pessoas, preocupação com o
bem-estar dos outros e responsabilidade social.
O papel do psicólogo esportivo surge em
função dos
campos de atuação de ensino, pesquisa e intervenção. Quando um
psicólogo esportivo tem o papel de consultor (intervenção), ao ingressar numa equipe de
trabalho, ele gera nessa equipe uma série de mecanismos psíquicos, como empatia,
resistência, etc. A percepção que cada indivíduo tem sobre o psicoterapeuta oscila
de expectativas de grande auxílio até altos níveis de ansiedade, nesse caso,
nos sujeitos mais inseguros.
A maneira como o psicólogo será apresentado aos
membros da equipe esportiva é de fundamental importância para o desenvolvimento
do vínculo terapêutico. Por exemplo, uma apresentação seguida de um currículo
muito extenso pode atrapalhar, pelo desnível que poderá sentir o atleta. O
ideal seria uma apresentação simples, com nome e função, experiência na
especialidade e objetivos com o grupo. É o suficiente e facilitará a avaliação
psicológica.
Funções do
Psicólogo do Esporte
Griffith, considerado o precursor da Psicologia Aplicada ao Esporte nos
EUA, apontava como funções do Psicólogo do Esporte ensinar a técnicos jovens e
inexperientes os princípios psicológicos utilizados por técnicos de grande
sucesso, adaptar a informação já adquirida em Psicologia para o contexto
esportivo e utilizar o método científico e experimental em laboratório para
descobrir novos fatos e princípios que ajudariam o atleta na prática.
Dentro de
uma equipe esportiva, o profissional deve ter funções bem definidas, como
assessorar, informar, ensinar e ser agente de transformação. Assim, ao
psicólogo do esporte cabe clarificar a técnicos, dirigentes, atletas e demais
envolvidos no contexto do esporte e do exercício físico os princípios que
norteiam o comportamento humano.
Os
especialistas em Psicologia do Esporte devem estar empenhados em melhorar o desempenho
dos atletas, em aconselhá-los, reabilitá-los de lesões e promover o exercício
físico para melhorar a saúde dos indivíduos. Outro aspecto a destacar é que o
psicólogo deve buscar conhecimento sobre o a linguagem cotidiana dos técnicos e
dos atletas, que é cheia de termos técnicos específicos de cada esporte, para
não encontrar grande resistência dos praticantes do esporte e do exercício
físico.
O psicólogo
do esporte pode atuar também no esporte escolar, no esporte amador, em projetos
sociais, na recreação e lazer, em clínicas psiquiátricas e de dependência química
e onde mais sua criatividade e seus conhecimentos permitirem. O problema é a
oportunidade de trabalho que para o psicólogo de forma geral já é difícil, ainda
mais para o psicólogo do esporte que lutam contra os mesmos paradigmas e
desconfianças e disputa sua atuação com fisioterapeutas, preparadores físico,
ortopedistas, fisiologistas, treinadores, etc. Todos que se acham capazes de
lidar com a demanda psicológica sem preparo e estudo para isso.
Entrevista
Entrevistei
Thiago Lima, 23 anos, de Recife, que estudou Ed. Física na Faculdade de Boa
Viagem, que atende de crianças a idosos, é Professor de Musculação em uma
academia e treina a seleção de deficientes físicos de Pernambuco. No seu
trabalho, ele nunca atuou em conjunto com nenhum Psicólogo do Esporte.
Thiago reconhece a importância do psicólogo do esporte, que tem atuação em momentos em
que os atletas estão abalados ou muito empolgados, devido a resultados que
ocorreram ou que possam ocorrer.
Ele disse
que "como educador físico, tem seus momentos de psicólogo", e que
pagou cadeira de psicologia do esporte, no curso de Ed. Física, e afirmou que
usa de conhecimentos de psicologia, em casos de ansiedade e abalos de seus
alunos. "Temos que saber o que falar, na hora certa e de acordo com cada
momento. Temos que saber a hora de elogiar, a hora de se impor, porque tudo
isso tem a ver com a emoção dos atletas, e agindo de forma errada, isso resulta
no rendimento dos mesmos." afirma.
Na opinião
dele, acha que os profissionais em psicologia deveriam se especializar mais e
atuar mais na área desportiva, afinal, segundo ele, os profissionais de
educação física necessitam trabalhar com uma equipe multidisciplinar, e ele
sente falta disso. Afirma ainda, que existem poucos profissionais de psicologia
com ênfase no esporte, e diz que é um campo pouco trabalhado.
Thiago
trabalha com crianças e com deficientes, e afirma que seu trabalho é de alto
rendimento. Então, diz que com toda certeza a atuação de um profissional mais
capacitado nesta área traria resultados mais significantes, em termos de alto
rendimento no desporto.