Nos últimos anos houve um interesse científico
representativo pela temática do envelhecimento, destacando a importância
da prática regular de exercícios físicos e uma intervenção nutricional
adequada, resultando em uma influência favorável sobre a condição
funcional do organismo, proporcionando a síntese de novos tecidos e o
reparo das células existentes. Assim sendo, a junção do treinamento de
força com a correção das inadequabilidades ou deficiências nutricionais,
vem se mostrando bastante eficientes para maximizar o aspecto da saúde e
qualidade de vida em indivíduos de meia idade e idosos. Fleck
(1997:217).
A idade de mudança ou meia idade (46 – 60) como cita Weineck
(1991:330) é descrita como a idade da involução caracterizada por uma
quebra no desempenho e alterações nos mecanismos de regulação. Campos
(2000:81) classifica como idosos o grupo entre (60 – 74) anos, tendo
como característica a grande variação nas capacidades fisiológicas,
mentais e funcionais.
Entre as modificações degenerativas ocorridas no processo de
envelhecimento, a redução acentuada da massa corpórea magra, juntamente
com o crescimento do percentual de tecido adiposo ocasionam a redução da
taxa do metabolismo basal em torno de 20% nas idades de 30 a 90 anos.
Esta alteração na composição corporal tem sido apontada como a mudança
mais significativa no aspecto funcional dos adultos mais velhos. Krause
(1998:298).
Conforme Katch (1996:516), a diminuição da massa muscular está
diretamente relacionada com o declínio da força associada à idade,
refletindo de forma direta na perda protéica muscular total, levando as
pessoas nas faixas etárias mais elevadas a uma evolução rápida para a
inaptidão total Santarém (1999:46), conseqüência do sedentarismo
prolongado e das alterações biológicas irreversíveis em função do tempo,
que leva a um encurtamento da expectativa de vida com o aumento da
idade.
O treinamento regular contra resistências proporciona a manutenção
das proteínas, retardando a perda de massa muscular e da força
ocasionadas pela ancianidade. Homens sadios entre 60 e 72 anos foram
submetidos a um programa de treinamento de 12 semanas e a cada semana de
treino o aumento progressivo da for a foi da ordem de 5%, sendo
acompanhados de uma hipertrofia bastante significativa. Katch
(1996:517).
Estudos citados por Santarém (1999:47) com idosos que envelheceram
praticando exercícios com peso alcançaram a manutenção do tecido
muscular, e os que envelheceram praticando corrida ou natação, não
obtiveram o mesmo êxito.
- Não houve diferenças entre nadadores, corredores e controles idosos.
- Não houve diferenças entre idosos treinadores com pesos e controles jovens.
Fonte: Ghorayeb N., Barros LT. O Exercício – Preparação Fisiológica,
Avaliação Médica, Aspectos Especiais e Preventivos, Atheneu, SP
Outro aspecto relevante do treinamento com pesos citado por Santarém
(1999:45) é a segurança. Dados estatísticos relacionados às lesões na
prática desta atividade demonstram que o treino contra resistência é
seguro e apresenta um alto grau de confiabilidade. As cargas utilizadas e
as amplitudes dos movimentos são bem controladas e adaptadas ao nível
de aptidão física de cada indivíduo.
Westcott (1998) relata um programa básico de treinamento de força em
12 semanas com 1132 participantes, sendo 238 adultos jovens (21 a 40
anos), 552 de meia idade (41 a 60 anos) e 341 senhores (61 a 80 anos).
Todos os grupos apresentaram modifições na composição corporal
aproximadas. Alterações de redução no peso gordo: de 21 a 40 anos 2,205
Kg, 41 a 60 anos 1,980 Kg e 61 a 80 anos 1,845 Kg. Aumento no peso
magro: de 21 a 40 anos 1,035 Kg, 41 a 60 anos 1,035Kg e 61 a 80 anos
1,080 Kg. Estes achados indicam que adultos mais velhos obtiveram
resultados próximos dos adultos jovens em resposta aos exercícios
resistidos. Levando em conta que em cada década de vida adulta os
indivíduos sedentários perdem cerca 2,250 Kg de tecido magro, neste
estudo de dois meses, os participantes inverteram em quase 5 anos o
processo de envelhecimento.
O estado nutricional do idoso é modificado ao longo do tempo,onde o
excesso de energia ingerida aumenta o armazenamento de gordura. O
balanço energético positivo e a ausência de atividade física contribuem
de forma contundente para acréscimo do percentual de tecido adiposo e
redução da massa muscular. Logo, as necessidades dietéticas na velhice
podem ser influenciadas por diversos fatores como: estado geral de
saúde, grau de atividade física, eficiência no aproveitamento de
nutrientes pelos tecidos alterações no sistema endócrino e na capacidade
de mastigar, digerir e absorver os alimentos. No entanto, a principal
modificação fisiológica conforme Snowman, citado por Anderson (1988:319)
a diminuição no número de células metabolicamente ativas, resultando em
uma maior lentidão nos processos metabólicos. Esse fenômeno, associado
ao sedentarismo, pode reduzir as necessidades energéticas no adulto mais
velho.
Após os 51 anos de idade a redução média de recomendações energéticas
deve ser de 600 Kcal/dia para homens e 300Kcal/dia para mulheres.
Dietas abaixo de 1.800 K/dia freqüentemente fornecem quantidades
inadequadas de proteína, cálcio, ferro e vitaminas. Krause (1998:301).
Uma orientação nutricional adequada se constitui como um alicerce
para o desempenho físico do idoso, proporcionando o combustível para o
trabalho biológico. Fleck (1999:206) relata um estudo realizado com dois
grupos, onde um foi submetido a uma dieta adaptada às exigências
referentes a idade e tipo de atividade aplicada (exercícios resistidos),
contendo um adicional de 8 Kcal e 0,33 g de proteína por quilograma de
massa corporal ideal por dia. O outro grupo não recebeu os nutrientes
adicionais. Foi aplicado um programa de treinamento de força de 12
semanas. O grupo que utilizou dieta com nutrientes adicionais obteve um
aumento considerável na força e massa muscular, sendo as modificações
proporcionais à ingestão calórica. Desta forma, a nutrição ajustada e
bem administrada deve maximizar as adaptações ocasionadas pelo
treinamento de força em anciões.
Portanto, associar um plano dietético com um programa de treinamento
de força bem orientado e adaptado ás condições orgânicas dos indivíduos
de meia idade e idosos, no sentido de aprimorar o desempenho físico,
parece ser uma ótima estratégia no combate às modificações fisiológicas,
morfológicas e patológicas, reduzindo a influência de diversos fatores
de risco responsáveis por doenças degenerativas e alterações nos
aparelhos locomotores passivo e ativo, resultando em proteção para a
saúde e uma possível longevidade nas fases subseqüentes da vida,
culminando com a melhor qualidade de vida.
Fonte: metamorfosemuscular.blogspot.pt