segunda-feira, 13 de novembro de 2017



Dor Muscular de Início Tardio




É comum após a realização de atividades físicas, além do nível ao qual estamos acostumados, seja um treino aeróbico ou de musculação ou até mesmo atividades recreativas e ou de lazer, sentirmos os efeitos da dor muscular de início tardio (DMIT). Esse tipo de dor é diferente da dor aguda, que sentimos durante a atividade física, e pode variar de intensidade de um individuo para o outro dependendo também do seu nível de condicionamento físico. A DMIT surge geralmente entre 12-24 horas após o exercício ter sido realizado e pode atingir seu auge entre 24-72 horas, causando um desconforto durante as praticas de atividades diárias, tendo vários mecanismos envolvidos em sua etiologia que por sua vez ainda não estão totalmente esclarecidos na literatura.

Por que meus músculos doem?
A teoria de micro lesão muscular é atualmente a mais aceita e tem como justificativa para a DMIT uma resposta inflamatória gerada como mecanismo de defesa do organismo como indicativo que o estimulo foi nocivo ao corpo, esse mecanismo ocorre diante de uma sequência de acontecimentos onde neutrófilos e macrófagos agem no local lesionado para a destruição e remoção do tecido danificado.

Quais sintomas posso apresentar?
Existem inúmeras características da DMIT além da dor muscular local. Alguns os sintomas mais comuns incluem:
·         Inchaço dos membros afetados;
·         Rigidez da articulação acompanhada de redução temporária na amplitude de movimento;
·         Sensibilidade ao toque;
·         Redução temporária da força dos músculos afetados;
·         Aumento da enzima creatina quinase (CK) no sangue, sinalizando dano no tecido muscular.

O que devo fazer para minimizar os efeitos da DMIT?
Apesar de gerar um certo desconforto, os sintomas da DMIT fazem parte do processo de hipertrofia, tendem a diminuir gradualmente após o período inicial de adaptação ao treino e, usualmente, não há necessidade de intervenção médica. Ainda assim, para minimizar seus efeitos, é importante seguir algumas recomendações:

·         Respeite seus limites – Não exagere nas cargas no início e/ou retorno ao programa de exercícios;

·      Comece pelo aquecimento: até algo tão simples como andar na esteira ou pedalar na bicicleta durante 10 minutos antes de começar o treino pode reduzir significativamente a dor percebida nos dias que se seguem ao treino.

·         Inicie os movimentos – Foque em pouca amplitude, cargas e repetições;

·    Descanso – Respeite os períodos de descanso para que o seu organismo tenha tempo de se recuperar;

·      Cuide da alimentação e hidratação – Obedeça rigorosamente as orientações da sua nutricionista, assim terá energia suficiente para as sessões de treino e, posteriormente, uma boa recuperação;

·         Automedicação – o uso indiscriminado de analgésicos sem prescrição médica pode interferir na síntese de proteínas musculares, essenciais para o processo de hipertrofia, além de danificar o fígado.

·     Orientação - A atividade física possui vários aspectos que podem agravar a DMIT, como carga a ser empregada, quantidade de repetições, frequência semanal, equilíbrio muscular, relação de atividade física e descanso, nutrição, entre muitas outras, e todas essas variáveis precisam ser controladas. Por isso, procure a orientação de um profissional de educação física.


Como já esclarecido, a dor muscular de início tardio decorre de inflamações que tem como objetivo regenerar as microlesões musculares. Esta regeneração é que faz com que as células musculares hipertrofiem e aumentem a secção transversa do músculo. Contudo, se ela for constante e não passar depois de alguns dias, é bom ficar alerta, pois ela pode ser um indício de algo mais serio como uma lesão muscular ou ligamentar. Caso elas sejam derivadas dos esforços que o treino demanda, são apenas reflexos normais do exercício e não passam de processos adaptativos necessários para o processo de hipertrofia.






BIBLIOGRAFIA:


Armstrong, R. B. (1984). Mechanisms of exercise-induced delayed onset muscular soreness: a brief review. Medicine and Science in Sports and Exercise, 16(6), 529-538.

Cheatham, S. W., Kolber, M. J., Cain, M., & Lee, M. (2015). The Effects of SelfMyofascial Release Using a Foam Roll or Roller Massager on Joint Range of Motion, Muscle Recovery, and Performance: A Systematic Review. International Journal of Sports Physical Therapy, 10(6), 827.

Foschini, D.; Prestes, J.; Charro, M.A. Relação entre exercício físico, dano muscular e dor de inicio tardio. Revista Brasileira Cineantropometria e Desempenho Humano. Vol. 9. 2007. p.101-106.

Knitter, A. E., Panton, L., Rathmacher, J. A., Petersen, A., & Sharp, R. (2000). Effects of beta-hydroxy-beta-methylbutyrate on muscle damage after a prolonged run. Journal of Applied Physiology, 89(4), 1340-1344.

Law, R. Y., & Herbert, R. D. (2007). Warm-up reduces delayed-onset muscle soreness but cool-down does not: a randomised controlled trial. Australian Journal of Physiotherapy, 53(2), 91-95.

Michael Kjaer; Michael Krogsgaard; Peter Magnusson; Lars Engebretsen; Harald Roos; Timo Takala; Savio Woo (2008). Textbook of Sports Medicine: Basic Science and Clinical Aspects of Sports Injury and Physical Activity. John Wiley and Sons. p. 722.

Miller, P. C., Bailey, S. P., Barnes, M. E., Derr, S. J., & Hall, E. E. (2004). The effects of protease supplementation on skeletal muscle function and DOMS following downhill running. Journal of Sports Sciences, 22(4), 365-372.

Nascimento, C.R.V.; Arruda, S.F.M. Bacurau, R.F.P. Navarro, F. Dor muscular tardia: etiologia e tratamento. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. São Paulo. Vol. 1. Num. 2. 2007. p. 90-99.

Nosaka, Ken (2008). "Muscle Soreness and Damage and the Repeated-Bout Effect". In Tiidus, Peter M. Skeletal Muscle Damage and Repair. Human Kinetics. pp. 59–76.


Schoenfeld, B. J. (2012). The Use of Nonsteroidal anti-inflammatory drugs for exercise-induced muscle damage. Sports Medicine, 42(12), 1017-1028.

sábado, 1 de julho de 2017

VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA?



Historicamente, cinesiologia e biomecânica vêm fazendo parte da grade curricular dos cursos de educação física e de ciências do movimento, e na maioria das universidades os dois estão na mesma disciplina, o que torna ainda mais difícil identificar a área de estudo de cada ciência. Sendo assim, você saberia distinguir a diferença entre eles?





Cinesiologia pode ser definida como estudo científico do movimento humano e, de maneira abrangente, qualquer forma de avaliação anatômica, fisiológica, psicóloga ou mecânica do movimento humano. A cinesiologia descreve o conteúdo de uma classe em que o movimento humano é avaliado pelo exame de sua origem e características.
A maioria das análises cinesiológicas são consideradas qualitativas, porque contemplam a observação de um movimento e propõem o detalhamento das habilidades e a identificação das contribuições musculares para o movimento.
Exemplo:
Ao analisarmos cinesiologicamente o ato de levantar-se de uma cadeira, os movimentos seriam a extensão dos quadris, a extensão dos joelhos, e a flexão plantar através dos grupos musculares dos isquiotibiais, quadríceps femoral e tríceps sural, respectivamente.


Biomecânica pode ser definida como a aplicação das leis da mecânica ao movimento animado ou ainda, de maneira mais especifica, como o estudo das forças atuantes geradas no interior do corpo e dos efeitos dessas forças nos tecidos, fluidos ou materiais utilizados no diagnóstico, tratamento ou pesquisa. Ou seja, a análise biomecânica, por ter sua origem na mecânica, área da física que consiste no estudo do movimento e do efeito das forças incidentes em um objeto, avalia o movimento de um organismo vivo e o efeito de determinadas forças sobre esse organismo.
A abordagem biomecânica sobre a analise do movimento pode ser qualitativa, com a observação e descrição do movimento, ou quantitativa, o que significa que algum aspecto do movimento será medido.

Exemplo:
 Ao analisarmos biomecanicamente o movimento de levantar-se de uma cadeira, tentamos medir e identificar as forças articulares atuantes no quadril, no joelho e no tornozelo, juntamente com a força entre o pé e o solo - todas interagindo em conjunto de modo a gerar o movimento de elevação e afastamento da cadeira.







Bibliografia:

HAMILL, J.; KNUTZEN, K.M. Bases biomecânicas do movimento humano. 3ª edição, São Paulo: Manole, 2012.

RASCH, P. J. Cinesiologia e anatomia aplicada. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.


NIGG, B.; HERZOG, W. Biomechanics of the Musculo-Skeletal System. 2ª edição, Wiley, 1999.